Saturday 31 July 2010

Chapter XVIII - Kauppatori novamente

Com umas olheiras que parecem óculos escuros e a arrastar-me cansado e cheio de sono devido às horas extras de trabalho e a ter entrado às 6h da manhã, fui mais uma vez ao Kauppatori. Infelizmente a máquina não tinha bateria, não pude fotografar nada, mas foi uma visita interessante, com direito a conhecer mais portugueses e a densidade humana superior a 3 individuos por metro quadrado.

Comecei por sondar todas as barraquinhas que vendiam frutas à procura dos morangos, groselhas e arandos mais baratos. Os preços andavam todos a rondar o mesmo, mais euro, menos euro... Mas lá consegui trazer meio kg de groselhas e arandos por 3.25€. Morangos é que ficaram lá, pois eram a 5/6€ por kilo e na barraquinha em Rautatientori, onde apanho o comboio, são a 3€.

Entrei para o edifício e fiquei a babar-me na vitrine da pastelaria, sem saber o que é que ia comer. Mas como me apetecia algo salgado para ter uma refeição mais completa, andei um pouco mais até a uma barraquinha de comidas prontas e provei um dos ícones do fast food finlandês: lihapiirakka. São uns pasteis com uma massa muito fofa, recheados de carne picada e arroz, sem condimentos muito fortes. Tendo em conta que aquilo tem cerca de 15-20cm de diâmetro e é rechonchodinho, achei extremamente barato custar só 2€! Quentinho, aconchegou-me o estômago.

Ia eu a dar a primeira dentada quando começo a ouvir zumzuns numa língua conhecida... "Sim, sim, damos a volta a isto por aqui e voltamos pró pé dos outros, anda lá!"... Desta vez fui eu que iniciei conversa, convencido de que o meu karma será cruzar-me com portugueses onde quer que eu esteja. Era um simpático casal de velhotes que estava a fazer um cruzeiro, começaram a viagem na Dinamarca e hoje iriam passar o dia em Helsinki. E a mulher era alentejana, de Moura. Lá me fizeram as perguntas do costume "Está a viver aqui? Onde é que trabalha? E a língua? Os finlandeses são boas pessoas? E as finlandesas, são muito bonitas, não são?" e no final ainda conheci um outro casal de portugueses amigos deles que os acompanhava na viagem.

Lá seguiram para o grupo de turistas do cruzeiro e eu lá pude comer o meu lihapiirakka sossegadinho. Após o repasto ia à tal pastelaria gastar 2.50€ num bolinho minúsculo, mas estava tanta gente que não se conseguia ver a montra sequer... Segui caminho até ao talho para comprar mais um naco de carne de rena e depois meti-me a caminho de casa. Logo à noite ou amanhã vou fazer mais umas experiências culinárias com rena e as groselhas que comprei.

E agora vou ver se durmo um bocado... amanhã estou de folga, felizmente. A ver se após a sesta já consigo ter uma aparência mais humana, nem sei o que pareço com estes dias todos de trabalho e de pouco sono em cima.

Friday 30 July 2010

Chapter XVII - Shopping spree Helsingissä!

Passado mais um dia de trabalho, fui dar mais um passeio por Helsinki com a Jutta. E lá fiz algumas compras impulsivas... Não, nada de Lego!

Começámos pela livraria onde originalmente só iria comprar postais para responder a quem me tem escrito - serão enviados amanhã, deverão receber dentro de uma semana! Andamos por lá a circular pelas secções a 50% de desconto e deparei-me com um livro de proporções bíblicas sobre a cozinha regional nórdica. Contemplando a gastronomia finlandesa, sueca, dinamarquesa e norueguesa, foram os 13€ mais bem gastos do dia, pois o livro é não só um guia para os petiscos, como também será uma óptima maneira de eu estudar suomi, lingua em que foi escrito o livro por vários chefes de cozinha de toda a Escandinávia. Para me ajudar no estudo comprei algo que já tinha pensado, um dicionário Suomi - Englantia - Suomi, que o meu livro de suomi só tem 6 páginas de dicionário. Infelizmente este não estava em promoção, custou-me 10€... mas acho que é um acessório necessário. E como diz a minha mãe, o dinheiro gasto em livros nunca é dinheiro mal gasto *rolls eyes*

Dos livros seguimos para algo mais... digamos, fútil. Kalevalakoru: um grupo de joalheiros que produz joias baseadas no Kalevala, o livro da mitologia finlandesa. Or, according to some, "the book of necronomic spells". A Jutta já me tinha falado do quão emblemática e popular a marca é por aqui e aconselhou-me a visitar o site deles, pois certamente iria encontrar algo que me interessasse. E eu, muito bem mandado, assim fiz... Gostei imenso de um pendente com um urso e fiquei de olho nele. Quando fui à loja da Kalevalakoru no Kamppi há uns dias atrás, fiquei muito decepcionado, pois o dito pendente custava 89€, way too much money for me... Tirei um bocado a ideia da cabeça, mas hoje visitamos uma outra joalharia que tinha o tal urso à venda a 49€... e entretanto a empregada da loja disse que seria difícil arranjá-lo pois está a deixar de ser fabricado. Um pouco reticente devido ao preço, lá acabei por o trazer... Agora sim, posso dizer que encorporo o espírito shamanístico do urso, que já tinha em mim desde que provei as tais almôdegas!

Após uma pit stop no Stockmann para despejar as bexigas, seguimos até Katajanoka, o cais dos ferries da Viking Line, onde fui comprar o bilhete para a minha viagem à Estónia no próximo fim de semana. Vou sexta de manhã, passo a tarde em Tallinn, sigo para Käsmus para o Viru Folk Festival, passo por lá a noite na farra, de manhã volto para Tallinn para passear mais um bocado e à noite regresso a Helsinki no ferry. É tãooooo bom ter o meu International Student Card ainda válido desde os meus tempos da FLUL... tenho 50% de desconto em tudo quanto é sitio graças a ele! Anyway, no próximo fim de semana irei fazer um post dedicado à Estónia, com muitas fotos. Mas até lá ainda vou dando notícias por aqui.

Já ando a preparar a segunda parte da reportagem sobre a gastronomia daqui. Esta semana sou capaz de comprar mais carne de rena para experimentar mais umas receitas, bem como os ingredientes para fazer umas sobremesas. Para vos espevitar o apetite, deixo-vos com a receita de Rahka, um doce fresquinho e bom que me farto de fazer lá no hotel.

Rahka

5dcl natas bem frias
500gr Quark (não sei bem se isso se arranja em portugal, mas é uma espécie de yogurte/queijo cremoso e ácido)
Açúcar a gosto
Arandos QB (podem ser congelados, mas descongelem antes de misturar para que a água que eles libertam não estrague o doce)

Bater as natas e depois misturar bem num recipiente com o quark e o açúcar. Envolver as frutas levemente, deixando um efeito marmoreado com o branco do creme e o roxo dos arandos. Deixar no frio de um dia pró outro e comer bem fresquinho. Pode ser comido directamente, mas dado o quark ter a propriedade de fermentar, fica mais saboroso no dia seguinte.

E agora vou dormir, que amanhã trabalho! Tenho que fazer estes dias extra para poder passear mais à vontade no final.

PS: Já estou a escrever postais para responder a quem me enviou correspondência. Quem quiser um postal... que me mande um também! ;)

Monday 26 July 2010

Chapter XVI - Mais lusofonia e mais renas

Peço desde já desculpa pelo silêncio, mas ando cansado do trabalho. Ainda por cima agora vou começar a fazer turnos duplos para acumular folgas extra, para que em Setembro possa ir passear descansado...

Trabalho à parte, os últimos dias foram marcados por vários encontros de 3º grau com gentes lusófonas. Encontrei, por duas vezes, um grupo de brasileiros que estavam participando num campeonato de futebol juvenil aqui por Helsinki... o comentário mais marcante que ouvi deles é que estavam desesperados, pois em duas semanas ainda não tinham comido feijão! Também realço a lata de um dos míudos, que segundo o treinador deles me contou, e como pude confirmar visualmente, metia-se com tudo quanto era moça que encontrava e tirava fotos com elas LOL!

O outro contacto que tive esta semana com lusófonos foi no hotel. A Violetta, a chefe das empregadas de mesa, estava à rasca para falar com um grupo de supostos espanhois que não falavam inglês para lhes orientar o almoço, e como eu compreendo espanhol, lá fui à sala servir de intérprete. No entanto não eram espanhois, mas sim outro grupo de brasileiros. Desta vez, uma excursão de velhotes. Lá os orientei para a mesa deles e expliquei como era o buffet e lá ficou tudo satisfeito.

Por fim, hoje conheci o António, o barman português lá do Scandic, de quem já me tinham falado. Tem mesmo ar tuga... baixinho, cabelo grisalho puxado atrás e o típico e farfalhudo bigode. É um sujeito simpático, com ar de estar nos seus quarentas e picos. Já cá está há 6 anos e, citando o próprio, "prefiro aturar o frio e o escuro do que aquela miséria lá embaixo!". Ora nem mais!

On other news, este fim de semana andei a explorar as propriedades da carne de rena. Sexta fiz carbonara de rena fumada, que não estava grande coisa por causa das natas que usei, foram as primeiras que comprei quando cá cheguei e não sabia bem quais eram.





E ontem preparei um belo petisco: rena assada no forno com molho de cogumelos e arroz para acompanhar, que já ando farto de batatas.



Amanhã vou com a Jutta visitar o Suomen Kansallis Museo; Museu Nacional da Finlândia. Depois meto aqui fotos.

Saturday 17 July 2010

Chapter XV - A gastronomia finlandesa

Como prometido, hoje vou escrever sobre a gastronomia local, tendo em conta que cheguei apenas há 3 semanas e ainda existe muita coisa por explorar. Muitas das fotografias que aparecem neste post não são minhas por não ter tido oportunidade de fotografar os pratos em questão.

Começo com a maior surpresa que tive desde que cá estou: carne de urso. O senhorio, Pekka, arranjou alguma através de um amigo dele que é caçador, e sendo uma carne tão rara, trouxe-me duas almôndegas para eu provar. Não tem nenhum sabor específico ou marcante; até achei menos pronunciado que a carne de vaca. Mas esta carne tem muito que se lhe diga… para ser consumida, só picada, de outro modo é demasiado rija para se conseguir comer – daí as almôndegas. Tem que ser muito bem passada, pois trata-se de um carnívoro e por muito fresca que a carne seja, pode ser nefasta.

O que nos leva a um outro ponto: as regulamentações de caça aqui são muito restritas. Todos os animais abatidos têm que ser inspeccionados antes de poderem ser comercializados ou consumidos. A caça ao urso só é permitada em certas regiões em números muito baixos, pois apesar de no geral os ursos estarem vulneráveis em termos de conservação, na Finlândia há determinadas zonas onde os números aumentam. Os que são caçados são 5 a 10, apenas em áreas onde a população seja superior a 1000. Tenho também que realçar que aqui a caça é para alimentar a familia, não é por desporto.

Em jeito de trivia, em tempos pagãos, a caça ao urso era um momento sagrado e altamente ritualizado na vida dos caçadores, pois o urso sempre foi visto como um animal que fazia a ligação entre o mundo físico e o mundo espiritual.

Antes que me crucifiquem por questões éticas, sou o primeiro a comentar que todos os motivos descritos acima não são desculpa, de modo algum. Apenas explico os motivos. Foi-me oferecido a provar e não iria recusar, obviamente. De qualquer maneira, não faço tensões de comprar, pois nos raros supermercados onde existe congelada, os preços são superiores a 250€. Também existe, apesar de cada vez mais raro hoje em dia, carne enlatada, mas segundo o Pekka, “that is more like dog food than real meat”… Reforço ainda a ideia de que comer carne de urso é raro e cada vez mais raro, não nenhum hábito do dia-a-dia.

Continuando no tema da carne, vou falar brevemente da carne de rena, que é sem dúvida um ícone da gastronomia nórdica. Nos primeiros dias que cá estive provei almôndegas de rena, mas sinceramente não consegui apreciar o verdadeiro sabor, pois além dos temperos, a molhanga que faz parte do prato bloqueou-me o palato nesse sentido. Além das almôndegas, é servida salteada ou assada no forno, mas sobre isso irei elaborar mais à frente.

Outro tipo de carne que prolifera na Finlândia são as salsichas, a.k.a. makkara. Mas não são grande coisa… é mais farinha e conservantes do que carne, e praticamente só se vendem enchidos industriais, é raro encontrar-se produtos caseiros. Destaco a mustamakkara, mais um prato nacional, uma salsicha de sangue de rena comida com compota de frutos silvestres, mas ainda não provei.


Mustamakkara

Para terem ideia de como os finlandeses estão habituados às salsichas da treta, há uns dias assei uma linguiça alentejana na brasa e fui levar um bocado ao Pekka para ele provar. Ficou espantado porque aquilo tinha carne verdadeira lá dentro, imaginem! E gostou bastante! Quando cozer a farinheira que ali tenho levo-lhe um bocado pra ele provar.

Passando da carne para o peixe, aqui foi o sector que até agora me deu mais dores de barriga. É isso mesmo que vocês estão a pensar… o infame arenque! Arenque está para os países do Báltico como a sardinha está para Portugal. Ou seja, é consumido massivamente de todas as maneiras possíveis. Até agora provei quatro variedades de arenque, todas elas de conserva. Por ordem do que mais “gostei” para o pior: arenque com molho de mostarda, arenque com mayonese de ervas aromáticas, arenque fumado com mistura de pimentas, e o pior de todos… pickles de arenque. Eu já de mim não sou grande fã de peixe, mas juro que o arenque em vinagre quase me fez vomitar… E para terem ideia do quanto os nórdicos gostam de arenque, estas quatro variedades são servidas no buffet de pequeno almoço do hotel onde estou a trabalhar, e quando a sala fecha, as travessas estão completamente vazias!

Além do desgraçado do arenque, o salmão é outro peixe bastante popular por aqui, fresco ou fumado. Mas salmão come-se em qualquer lado, anyway. Um dos pratos de salmão que mais gostei é um dos pratos nacionais: lohikeitto, sopa de salmão. Deixo-vos a receita no final do texto, e aconselho a que experimentem fazer em casa e provem.


Lohikeitto

Passemos agora ao que mais gosto e mais como por aqui… Frutos silvestres. Morangos, mirtilhos, groselhas, framboesas, amoras… E o melhor de tudo: lakka. Estas últimas são umas bagas amarelinhas que crescem apenas em zonas sub-polares, como tal não têm tradução em português. O nome inglês é cloudberry, e é bastante adequado pois comer aquelas bagas é comer um pedaço de céu! Frescas ou em compota, como petisco ou parte de uma refeição, em doces e bolos ou ao natural, aqui existem muitas variedades de bagas e são todas muito boas. Os morangos têm um equilibrio entre o doce e o ácido perfeito, não tem nada a ver com os morangos que sabem a água a que estou habituado ai pra baixo. Mas comprá-los nos supermercados nem cães… 29€/kg! A sorte é que existem imensas barraquinhas espalhadas pela cidade onde se arranjam morangos e outras bagas a 3-5€/kg.

Continuando pelas sobremesas e pelos doces, os finlandeses não são muito dados ao açúcar. No entanto, ainda se vão encontrando umas coisas por aqui… O mais popular, e talvez o que tem maior tradição, é o karjalanpiirakka – pasteis da Karelia.
Trata-se de uma base de farinha de cevada recheada com uma espécie de arroz doce cá do sitio. É comido quentinho com munavoi, manteiga com ovo cozido picado. Pessoalmente não acho grande coisa, mas isto sou eu que quase todos os dias tenho que tirar 50-70kgs disto das caixas e meter para o forno…

Karjalanpiirakka

Uma sobremesa/petisco mais obscuro que provei por aqui chama-se leipäjuusto kanssa lakka. Trata-se de um queijo redondo, sem grande sabor, com molho de natas e canela quentinho por cima, e compota de lakka a acompanhar. O contraste do quente do molho com o fresco da compota é muito agradável. E ao que parece, o Gordon Ramsey não gosta muito disto.…

Leipäjuusto

Outros doces que existem em tudo quanto é sitio são as tartes e semifrios de fruta, sobretudo de bagas. Já provei umas tantas, mas geralmente são doses muito pequenas e bastante caras, fico sempre a querer mais…

Pela Páscoa é costumer comer-se mämmi, que é uma mistura de farinha de cevada com melaço, leite e raspa de laranja. Ainda não provei, mas gostava.

Para terminar, vou-vos falar do pior que já ingeri: salmiakki. São uns “rebuçados” semelhantes ao alcaçuz, mas salgado comá porra… Já tinha provado salmiakki simples há uns anos atrás e não lhe achei muita piada. A semana passada provei karamel salmiakki, a bordo do ferry da Suomenlinna e ia-me vomitando borda fora… aquela coisa tem o sabor mais horrível que possam imaginar. E sim, ainda pior que o arenque! No entanto, toda a gente adora salmiakki por aqui, é incrível! E fazem tudo com salmiakki… chocolates, vodka, tudo!

E falando de vodka… ontem comprei uma garrafa de Kossu. Kossu, ou Koskenkorva, é a vodka nacional da Finlândia, que sempre quis provar. Hoje após o almoço mandei um shot disto e até é agradável. Tem um travo adocicado, mas um sabor muito forte a etanol. Tenho que provar misturada, quando for aos bares de Helsinki.

Após escrever este post apercebo-me da riqueza cultural que já absorvi em menos de um mês. No final do Verão voltarei a fazer um apanhado de tudo o que provei e aprendi a fazer e certamente terei a mesma sensação. Afinal é como me dizem lá no hotel… “You have to try everything, even if it makes your stomach hurt!”

Despeço-me com duas receitas típicas daqui, o já falado lohikeitto e rena salteada.

Lohikeitto – Sopa de salmão

Óleo vegetal ou azeite
Cebola picada
Batata
Salmão cortado em cubos
Natas
Endro
Sal
Pimenta
Bagas de zimbro
Endro

Refogar a cebola no óleo com as bagas de zimbro. Quando estiver dourada, juntar água. Quando ferver, juntar as batatas. Triturar com a varinha mágica, temperar de sal e pimenta, adicionar as natas e o salmão. Assim que o salmão estiver cozido (não é preciso muito tempo), polvilhar com endro picado e servir.

Esta é uma sopa cremosa e bastante saborosa, da qual já provei duas versões diferentes: triturada ou com as batatas inteiras. A receita que aqui vos deixo é a que mais gostei, ambas são aceites dentro da gastronomia finlandesa. Também é costume usar outros peixes em vez do salmão, nomeadamente perca e outros peixes de água doce, que existem abundantemente nos lagos finlandeses. É um prato que serve de entrada ou constitui uma refeição por si só.


Rena salteada

Carne de rena cortada fininha
Manteiga
Sal

Saltear a carne na manteiga, sem deixar passar muito. Servir com puré de batata e com groselhas frescas esmagadas ou compota de groselha.

Como disse anteriormente, este é um dos pratos típicos da Finlândia, proveniente da Lapónia. A rena, tanto doméstica como selvagem, faz parte da culinária escandinava desde que os primeiros humanos aqui chegaram. Esta é a forma mais básica e tradicional de a preparar. O pastoreiro é, ainda hoje em dia, uma actividade económica bastante significativa, sobretudo para os Sami.



Fica ainda a fotografia deste prato que preparei para o almoço. Não tinha groselhas, foi com mirtilhos. A carne de rena é surpreendentemente macia e tenra, tem uma textura muito agradável. O sabor também é muito agradável, diria que entre a vaca e o borrego, com uns toques adocicados – daí complementar tão bem com as compotas. É também uma carne com menor teor de gordura que a carne de vaca ou porco, e com maior percentagem de proteína. Para mais informações, deixo-vos com este link que achei bastante informativo: http://www.inarinpaliskunnat.org/products.html


Friday 16 July 2010

Chapter XIV - Kauppatori

Mais um passeio muito agradável por Helsinki, tirando os 35º que se fizeram sentir. Desta vez fui ao Kauppatori, um mercado de tudo e mais alguma coisa, com destaque para os alimentos provenientes de pequenos produtores finlandeses. Está muito virado para os turistas, com imensas barraquinhas de souvenirs, mas os locais também andam muito por lá. Tirei umas quantas fotos para facilitar a reportagem, portanto façam favor de me seguir:


Após sair do trabalho, meti-me no eléctrico e fui até ao Kamppi, o maior centro comercial de Helsinki. Fui só ver as vistas, nada do outro mundo.

Tornei a apanhar outro eléctrico, seguindo até ao Kauppatori pela Aleksanterinkatu, a Rua Augusta de Helsinki, recheada de lojas, restaurantes de vários géneros, centros comerciais e muita, muita gente.


E chegando ao fundo da rua, temos a Senaatintori, a praça do Senado, um dos locais emblemáticos de Helsinki onde já tinha estado mas não tinha fotografado.

Chegando ao Kauppatori, tinhamos várias barraquinhas:


Artesanato em madeira e corno de rena...


Mantas, cachecois e outros agasalhos...



Peles de rena, raposa e arminho...



Frutas e legumes muito saborosos; as raparigas que estavam a tomar conta das barraquinhas eram muito simpáticas e davam sempre a provar antes de se comprar algo. Além de serem BEM mais baratos que nos supermercados, uma volta bem dada ao mercado dá pra se encher a barriga à pála eheh.


Terminando a volta ao mercado, entrei no Kauppatori Haali, que é a continuação dentro de um edifício construido em 1889. Aqui encontramos vários tipos de produtos...


Logo à entrada tinhamos estas coisinhas lindas a chamar por nós. Não resisti a gastar 2.50€ num bolinho cremoso de frutos silvestres, os segundos da direita da parte de baixo. It tasted just like heaven ^^ se não fossem tão caros tinha provado um de cada... but I'll be back!


Imensos tipos de peixe fumado...



E ainda mais tipos de queijo...


Ao ir embora ainda tirei esta fotografia às docas de Helsinki, banhadas pelo Báltico. Ao fundo vê-se a ilha Suomenlinna, à qual voltarei brevemente.


E no final trouxe isto tudo para casa. Kossu, carne de rena congelada que me custou 35€, morangos e mirtilhos cá da terra que são extremamente docinhos, ácidos e bons; e uma embalagem de carne de rena fumada.


Amanhã vou elaborar sobre a comida típica daqui, com o que já provei, o que gostei, o que não gostei e o mais importante de tudo: o que já aprendi a fazer.

Monday 12 July 2010

Chapter XIII - Meet the boss

Finalmente conheci o chefe, Jari Kettunen. Tem estado de férias e só regressou hoje. É um sujeito muito calado, típico finlandês. Mas quando abre a boca pra falar inglês, tá tudo lixado... tem um péssimo inglês, quando foi para me explicar o que fazer foi uma carga d'água pra eu conseguir perceber as coisas! É da maneira que começo a aprender suomi mais depressa...

On other news, estou a planear a minha visita à Estónia. Dias 6 e 7 de Agosto, em principio... pois desta maneira meto-me no ferry, 3h de barco até Tallinn, vejo a cidade, vou a um festival de folklore lá perto e no dia seguinte passeio mais um bocado e regresso a Helsinki. Vai ser uma experiência interessante.

Alguém que já tenha visitado me recomenda alguns pontos de passagem? So far tenho algumas recomendações para o centro histórico de Tallinn, incluindo monumentos e paparocas, cortesia do Gordo.

Sunday 11 July 2010

Chapter XII - Bodominjärvi & DIY

Hoje fui visitar o Bodom. É um lago situado perto de Espoo que ficou famoso à pála de uns homicídios misteriosos nos anos 60, e que deu origem à banda Children of Bodom. Após quase 2h a trocar de autocarros, lá cheguei ao sitio... No entanto, desiludiu-me um pouco. Tinha tanta gente que parecia uma praia no Algarve... lá procurei um cantinho mais sossegado pra ir ao banho, mas mesmo assim apareceram lá uns pescadores e depois mais uns grupos de pessoal. E a água apesar de mais quente que a do Meiko, era um pouco lamacenta. Com água pelos joelhos não conseguia ver os meus pés no fundo! Ah well... uns mergulhos, umas voltinhas pela floresta em guerra constante com os mosquitos e lá voltei para casa. Ainda andei à procura de umas pedras com inscrições pré-históricas que supostamente lá existem, mas não encontrei nada.

Lake Bodom

Mudando de assunto, sabem porque é que a generalidade dos nórdicos deixa crescer o cabelo? A resposta é muito simples... uma ida ao barbeiro aqui custa 25-30€, segundo me disseram. Eu que gosto tanto de andar de cabelo rapado... No entanto, arranjei maneira de poupar 25€ todos os meses. Vi uma máquina a 15€ no supermercado e trouxe a dita cuja comigo. Lá rapei o cabelo sossegado, e após várias passagens ficou tudo decente. É o espirito DIY no seu melhor! E agora posso começar eu a cobrar 25€ aos finlandeses para cortarem o cabelo eheh!

Thursday 8 July 2010

Chapter XI - Jutta & Suomenlinna

Hoje conheci pessoalmente uma pen pal e grande amiga minha, a Jutta. Trocamos correspondência e falamos online desde 2006 e foi giro conhecê-la pessoalmente. É uma sensação engraçada, estarmos com alguém pela primeira vez mas já sabermos muito sobre essa pessoa, quase como se nos conhecessemos já há vários anos.

Fomos visitar a Suomenlinna, uma ilha-fortaleza icónica na História da Finlândia. Foi fundada no séc. XVIII pelos "visitantes" suecos como defesa contra os russos. É um sitio muito agradável, a 15min de barco de Helsinki, onde se vê tanto turistas como locais a passear por lá. Infelizmente começou a chover à bruta e a trovejar e não ficámos lá muito tempo... mas irei lá voltar futuramente para mais umas fotos e uma visita mais atenta.

E a metereologia continua marada da cabeça por aqui... 30 e tais graus, hoje uma chuvada que causou inundações em vários sitios e uma trovoada valente. E supostamente prá semana ainda vai aquecer mais... Vim eu praqui a fugir do calor...

Enjoy the pics!


Helsinki vista do barco.


Uma parte da ilha; ao fundo vê-se a torre da igreja.


Partes da fortaleza.

A circundar a igreja e em várias partes da ilha encontram-se estes canhões, com uns 3/4m de altura.


Um sino russo junto da igreja.


Me & Jutta no barco de regresso a Helsinki, após uma chuvada valente.

Monday 5 July 2010

Chapter X - Tuska!

O maior festival de metal da Finlândia, e um dos maiores do mundo, tomou lugar este fim de semana no Kaisaniemi (parque central), Helsinki. Com os bilhetes esgotadíssimos há duas semanas, e sem saber que era este fim de semana, não tava com grandes ideias de ir... mas a Força esteve comigo e consegui bilhete para hoje - e a metade do preço! Paljon kiitoksia lipusta Vera!

Vamos por partes, comecemos pelo recinto. Nada a ver com os festivais portugueses a que estou habituado. Na entrada fazem revista a materiais perigosos e garrafas de vidro ou de bebidas alcoolicas. Sumos, águas, etc, podem entrar à vontade desde que em garrafa de plástico/tetrapack selada. Isto para evitar que os menores consumam álcool lá dentro. E quando digo que evita, evitam mesmo, pois existe uma área reservada a maiores de 18 e onde não entram nem saem garrafas onde estão as barraquinhas da cerveja e das restantes bebidas. Um sistema interessante, mas eficaz. Até porque a maioria dos bêbados ficava lá dentro a perder os concertos em vez de vir chatear o pessoal (tirando um gajo durante o concerto de Nile que só faltava começar a levar porrada daquela gente toda e dos seguranças...).

Além das habituais barraquinhas de merchandising de bandas e lojas locais, achei interessante a presença de um pequeno flea market, onde sobressaiam as roupas militares e cybergó - óculos de "natação" apenas a 15€, essas coisas costumam ser exorbitantemente caras, segundo consta!
A comida era cara comó caralho, apesar dos preços não fugirem muito às lojas de fastfood daqui. 5-7€ um prato (kebab com arroz, tex mex, cachorros quentes, batatas recheadas, makkara (salsichas cá da terra) e uns stir-fries vegetarianos. Garrafas de água de meio litro a 2€ e de sumo a 2,50€... o bom é que havia um posto com torneiras de água (fresca!) onde o pessoal podia beber e encher à vontade. O preço da cerveja não sei, não cheguei a ir a essa parte do recinto porque não queria ficar sem a garrafa de água que me custou 2€...

Os palcos estavam bem organizados e o som não era mau de todo, para este tipo de concertos. Tinham dois palcos secundários cobertos em pontas opostas do recinto, a ladear o palco principal. Para terem ideia da coisa, os palcos secundários eram do tamanho do palco principal do SWR... o main stage era enorme, como poderão ver nas fotos. Pontualíssimos ao segundo, como tudo aqui pelas terras nórdicas, até se estranha!

Pontos maus: muito pó, à la Vilar de Mouros quase... E era proibido fazer crowd surfing ou sequer estar encavalitado em cima de alguém! Bem que me fodi, que sou baixinho e tinha que me meter em bicos de pés para conseguir ver Cannibal Corpse em condições...

Vista geral do festival durante WASP

Quanto às bandas...

Finntroll - bailarico do caraças, do principio ao fim! Já é a terceira vez que os vejo, mas sinceramente não me canso deste tipo de bandas. Houve comboio, chicken dance, outras danças estranhas, wall of death, circle pit...

WASP - não liguei muito, teve uns solos girinhos e tal mas de resto... fui foder 7€ no kebab que até me soube bem, estava bem condimentado. Nesta onda preferia ter visto Twisted Sister ^^

Warmen - banda local de speed metal progressivo, com bastante pinta. Não gostei muito da vocalista que andou por lá a cantar duas músicas, mas o lead singer dava-lhe bem. Surpresa surpresa foi o Alexi Laiho dos Children of Bodom ter aparecido para cantar com eles a última música! E maior surpresa foi ele estar vestido à hippie!

Cannibal Corpse - Porradaria do principio ao fim, como seria de esperar! Não vi tudo, pois perto do final fui pro palco secundário esperar por Nile, mas destaco a I will kill you e a Devoured by vermin. Presumo que tenham acabado com a Hammer smashed face, mas não tenho a certeza.

Nile - *vénia* a minha principal razão de ter ido ao Tuska, que apesar de tudo deram um show do caraças. Velocidade, técnica, melodia e brutalidade Q.B. do principio ao fim. No entanto pecam em dois pontos: muito parados em palco (coisa que até compreendo tendo em conta que são 3 agarrados à guitarra e a cantar ao mesmo tempo e um baterista que tá ali a malhar que nem uma besta atrás de meia tonelada de pratos e timbalões) e a setlist... Focaram muito do novo album, até ai tudo bem, mas deixaram de fora uns musts... Unas, Cast down the heretic, Sacrifice unto Sebek, Execreation text... Quando os vi no Caos Emergente 2008 tinham uma melhor setlist, se bem que aqui tocaram mais que uma hora e eram headliners.

Megadentes - vão-se foder, não gosto daquilo e vim embora ^^

Não comentei outras bandas porque não as vi. Sei que uma era industrial, que tocou ao mesmo tempo que Fintrolhas, e outra era tipo metalcore. E aqui era tipo Wacken, o pessoal fazia as wall of deaths sem precisarem de indicações das bandas.. quando lhes apetecia, abriam dum lado e doutro, meio a meio duma música, e toma lá disto!

Afterparty pra nós não houve. Ainda se falou em ir a uns bares, até porque com o bilhete do concerto tinhamos entrada à pála, mas além do cansaço do Marko que já lá tava desde sexta, chegamos à conclusão que a maioria do pessoal que ali estava ia para os bares e era demasiada gente. Vim para a minha casinha descansar, aproveitar que amanhã estou de folga, e ele ainda lá ficou com um amigo a ver Megadentes. De notar que os concertos começaram às 14.45h e terminaram às 21.30h. Assim dá pras bandas tocarem e o pessoal apanhar transportes para casa à vontade, e quem quiser vais pras after parties.


Friday 2 July 2010

Chapter IX - They're everywhere!

Incrível... hoje saio do trabalho, vou apanhar o eléctrico quando um grupo com tshirts do Inatel se dirige a mim.

- Speak english?
- Erm.. são portugueses?
- ZOMG UM PORTUGUÊS! UM PORTUGUÊS! UM PORTUGUÊS! YAYYYYYYYY!

Fizeram uma festa do caraças por verem um português no meio de Helsinki... Ora trata-se de um grupo que está na Estónia num campeonato de desporto amador e vieram passear à Finlândia. Queriam ir ao Suomelinna, uma ilha-fortaleza à qual irei prá semana, e eu lá lhes expliquei como é que lá iam ter. Assim que entrámos todos pro eléctrico, começou o espirito tuga a vir ao de cima...

- Não tem picas? Ah atão podemos andar sem pagar bilhete!

*facepalm*

... mas não foi tudo. Quando saímos no centro da cidade, veio outra típica pergunta tuga:

- Onde é que podemos comprar lembranças?

Lá os enfiei pro Stockmann, mas pelos vistos já lá tinham estado. Entretanto de conversa com alguns, descobri que são de Viana do Castelo e que inclusive alguns estiveram presentes na exposição Arte em Peças, em Paredes de Coura. Mundo pequeno... lá me meti no comboio pra Leppäväära a caminho de casa e lá os deixei a passear.

Tou pra ver se sempre for à Lapónia, mais no final do Verão... se encontrar lá algum português, passo-me!

Este fim de semana espera-me muito trabalho. Troquei as folgas, trabalho durante o fim de semana, descanso na segunda feira e guardo a outra folga para no final do estágio ter maior tempo livre para ir passear. Pelo menos a maioria das folgas penso guardar. Também já me disseram que se quiser posso fazer turnos duplos, ou seja, entrar de manhã e sair à noite. Talvez para a semana experimente isso. De 200 e poucas pessoas que têm lá estado durante esta semana, o hotel vai receber 1100, estando muito perto de esgotar a sua capacidade (1200). Citando o Chefe António Marques... "tirem os dedos do cú!"

Thursday 1 July 2010

Chapter VIII - Sauna

Finalmente experimentei a sauna! Sabe muito bem, é muito relaxante. Para os leigos, aqui fica uma descrição do processo:

Primeiro, acender o lume na salamandra. Fechar a porta e esperar que a temperatura chegue pelo menos aos 70º (ainda demorou uns 15min a aquecer). Enquanto isso, prepara-se um balde com água e as coisas para depois tomar banho. Quando o termómetro estiver na temperatura desejada, toca a tirar a roupa (mesmo em saunas públicas costuma-se ir sem roupa, e sim, ambos os géneros juntos na maioria dos casos) e ir lá pra dentro.

Vai estar MUITO quente quando entrarem, mas não atirem logo a água toda por cima das pedras, pois provoca muito vapor ao mesmo tempo e são capazes de se sentir mal se não estiverem habituados. Eu fui deitando aos poucos e aguentei-me lá 10 minutos, no primeiro round. Um detalhe importante: a sauna tem uma bancada com pelo menos dois degraus. Se se sentarem no de cima, vai estar MUITO mais quente do que se se sentarem num mais baixo. Aprendi isso por experiência própria.. uns segundos lá em cima e rapidamente voltei para a parte de baixo :x

Quando acharem que sim, saiam da sauna e metam-se debaixo do chuveiro de água fria, depois voltem lá pra dentro. Repitam o processo as vezes que quiserem. Eu entrei lá pra dentro três vezes, com duas chuveiradas frias pelo meio. Aguentei-me 10min em cada vez, e 5min na terceira, depois fui-me lavar.

E como bom alentejano que sou, há que aproveitar as coisas... já que tinha o lume aceso na salamandra, abri a portinhola e meti uma linguiça das que trouxe comigo a assar nas brasas enquanto estava a tomar banho! Foi o jantar, com pão finlandês, banana, morangos e lête com chiclate. Levei um bocado da linguiça assada ao Pekka, o senhorio, que estava na varanda dele a apanhar sol... e o homem adorou! Ficou supreendido por ter carne verdadeira lá dentro, aqui as salsichas têm tudo menos carne, e já lhe disse que quando fizer algum petisco alentejano que lhe levo um bocado pra ele provar.

Numa pequena conclusão acerca da sauna, além de relaxante, faz muito bem à pele, pois o vapor abre e limpa os poros. Os choques com a água fria fazem bem à circulação, e voltar lá pra dentro molhado em água fria é uma sensação agradável. Hoje em dia a sauna tem uma conotação um pouco elitista, agregada aos spas e às esteticistas, mas surgiu como hábito de higiene e ocupa um lugar muito próprio dentro da cultura finlandesa. Durante muitos séculos, a Finlândia foi uma terra pouco evoluida (basicamente até ao final da Idade Média europeia eles estavam na Idade da Pedra), mas o que é certo é que enquanto o resto da Europa chafurdava nos próprios excrementos, os finlandeses andavam limpinhos e quentinhos graças à sauna.

E acho que descobri porque é que as finlandesas são tão bonitas. O segredo está na sauna, como faz tão bem à pele, dá-lhes um aspecto mais suave e atraente. Este fim de semana irei conhecer algumas nativas, que o Marko vai-me levar a uns bares, vamos lá a ver se as que andam nos bares têm a beleza que as que vejo nas lojas e nas ruas têm ;)