Thursday 26 August 2010

Chapter XIV - Suomen luonto

Finland's liberal laws of access to the land - known as Everyman's Right - give people of all nationalities a free right to roam the countryside and enjoy outdoor activities in a natural setting, no matter who owns the land.

This free right comes hand in hand with the responsibility to avoid any damage or disturbance to the natural environment, people's property and other visitors.

Everyman's Right enables visitors to freely walk, ski, ride, cycle, row or paddle around the countryside, except in the immediate surroundings of people's homes, or in cultivated fields. Visitors can also picnic, swim and even camp out. Motor vehicles, including snowmobiles, may not be used off road without the landowner's permission. In certain sensitive areas as national parks and other protected areas, visitor's movements and rights are restricted to protect wildlife.

Everyman's Right also allows visitors to pick wild berries and mushrooms, and to fish with a simple rod and line in most waters all year round. Hunters need the landowner's permission, as well as official hunting permits.
The landowner's permission is also required for letting pets off lead or lighting open fires.

More information on these extensive rights is available at www.environment.fi/everymansright

In: Enjoy Nature in Finland, Metsähallitus


Além disto, são ecologicamente muito responsáveis. A reciclagem é fortemente encorajada; as garrafas de plástico valem 0,20-0,50cent, sendo depositadas nos supermercados recebendo depois o seu valor. É raro ver lixo nas ruas, e ainda mais raro nos espaços verdes. Desde que aqui cheguei não vi nenhuma notícia sobre fogos florestais, o que é notável para um país cujas florestas ocupam 50% do seu território.

E agora vou jantar e deitar-me, que amanhã começa a última semana de trabalho.

Wednesday 25 August 2010

Chapter XXIII - Pausa laboral

Quarta feira à tarde tem sido o melhor momento da semana nos últimos tempos. É que como só tenho a quinta feira livre, quarta após o trabalho sinto o alívio do dia laboral já ter passado e de saber que ainda tenho uma noite e um dia inteiro para descansar.

Esta vai ser a minha última semana no Scandic. Amanhã estou de folga, no fim de semana vou ter que bombar com 1200 bocas para alimentar e na próxima quarta será o meu último dia. Por um lado vão saber bem as férias, e estou ansioso por ir para a Lapónia. Por outro, estou a cerca de duas semanas de voltar a terras lusas... Faz hoje dois meses que cheguei, btw.

Perguntaram-me, várias vezes, se não tinha saudades de casa, de Portugal ou das pessoas. E ficavam chocados quando dizia com toda a honestidade que não. Don't take it personal, mas de facto não sinto falta de nada daí. Talvez do meu montezinho de pêlo mal humorado, mas isso já é hábito. De resto, nada. Se pudesse, ficava aqui... mas sem trabalho, sem papeis, sem casa e acima de tudo sem dinheiro, seria complicado. Não me importava de viver nas ruas por uns dias, mas a situação seria demasiado precária para me aguentar muito tempo.

Portanto a solução vai ser enfiar-me praquele avião, às 5 da manhã do dia 11, e rezar para que ele dê meia volta a meio do caminho porque a Finlândia se lembrou de fechar fronteiras e cortar todos os contactos internacionais, de maneiras que ninguém pode entrar ou sair... *rolls eyes*

Utopias à parte, já cá tenho não uma, não duas, mas três alemãs a viver comigo. Ao inicio pensei que eram 6, mas 3 delas estão a viver noutra residência. São todas muito simpáticas, e batem um record de cafés bebidos por dia nunca antes visto.

Falando nelas, vou para ali socializar um bocado.

Näkemiin!

PS: já enviei os postais para toda a gente!

Friday 20 August 2010

Chapter XXII - Só para dar sinais de vida...

Não me batam, vá... Após quase duas semanas sem dar notícias, resolvi vir aqui escrever qualquer coisa. O motivo da minha ausência/falta de paciência/preguiça para escrever tem sido os dias e horas extra de trabalho. Que ainda se tornam mais difíceis com 1200 pessoas no hotel...

Este esforço irá durar mais duas semanas e após isso, termino o estágio e vou de férias para Rovaniemi, capital da Lapónia localizada no Círculo Polar Árctico. Já andei a ver uns sites e na lista de sítios a visitar, estão um museu de antropologia e cultura Sami, uma quinta de criação de renas, um outro sitio de criação de huskies, um jardim zoológico só com animais polares e muito passeio pelas florestas, em retiro espiritual, para me preparar para regressar a baixas latitudes dia 11. Vai-me custar TANTO ter que voltar... bah!

As ondas de calor já andam a acalmar. Apesar de durante o dia ainda chegar aos 30 e tais graus, durante a noite já arrefece bastante. Hoje quando sai de casa às 6.35h estavam uns adoráveis 7ºC, temperatura ideal para pessoas que detestam o calor como eu. E segundo o Jari, em Rovaniemi sou capaz de apanhar neve, gelo e temperaturas negativas. Se eu não voltar, virei boneco de neve algures lá pra cima.

Segunda feira vão chegar novos estudantes aqui à residência, três alemães e três italianos. Isto significa ter que arrumar a casa, recolhendo todas as minhas propriedades espalhadas e juntá-las num só sitio, arrumar o frigorífico e os armários da cozinha para eles terem espaço para as comidas deles, e comer toda a carne de rena que me resta, bem como beber toda a Koskenkorva, para evitar que desapareçam misteriosamente... Tendo em conta que amanhã e domingo pego ao trabalho às 6 da manhã, pois temos o hotel cheíssimo com o concerto dos U2 aqui em Helsinki, vai ser penoso ter que tratar de tudo isto.

O programa after-work para os próximos dias irá incluir um retorno à Suomenlinna, uma visita a Korkeasaari, a ilha-zoo de Helsinki, e uma ida gratuita ao cinema, com bilhetes e pipocas à pála, graças aos vales oferecidos pelo hotel.

Para terminar, deixo uma questão aberta aos meus leitores: gostariam de adquirir um livro (físico) sobre a minha viagem por aqui, com histórias e imagens inéditas? Não será apenas uma impressão deste blog, terá um conteúdo diferente, apesar de algumas situações descritas figurarem no livro.

Deixem o vosso feedback acerca disto!

Sunday 8 August 2010

Chapter XXI - Eesti: Tallinn & Käsmus

Após dormir 13h, já me sinto em condições para escrever o relato da viagem à Estónia. Se bem que as costas ainda estão doridas e as olheiras ainda não desapareceram, mas paciência.

Sexta feira, dia 6, sai de casa pela manhã, com destino a Katajanokka, o terminal dos ferries da Viking Line. O dia começou bem: assim que chego ao comboio em Leppävaara, o dito cujo avariou e demorei mais 15min a chegar a Helsinki... felizmente que o atraso não afectou o passeio, mas por momentos ainda imaginei que não iria chegar a tempo ao navio.

Cheguei ao terminal e não conseguia dar dois passos sem esbarrar em grupos de pessoas que andavam por lá de um lado pró outro. Fiz o check-in, comi um delicioso donut e quando foi hora, lá entrei para o ferry. Acho que foi a primeira vez que naveguei a sério, só me lembro de ter andado de cacilheiro e no barco que faz a ligação Peniche-Berlengas.

O navio em si era um centro comercial flutuante. Tem 3 decks interiores para o transporte de veículos, 1 deck com cabines para passageiros pernoitarem em viagens maiores, 1 deck com uma loja tax-free onde predominam as bebidas alcoólicas e os perfumes e 3 decks abertos repletos de bares, cafés e restaurantes de vários géneros.

Atravessando o Báltico.

A viagem dura 2.30h e é bastante agradável, pelo menos para mim que gosto imenso do mar. O navio é tão grande que não se sente a ondulação nem o movimento. Dei umas voltinhas pelo navio, comi um hamburger de tamanho épico e um Forest Noir que me soube pela vida, comprei um chocolatinho na loja tax-free, tirei umas fotos e entretanto cheguei a Tallinn.


O Forest Noir de 3.50€ a bordo do navio

Eram 14h quando o navio aportou. Assim que sai do terminal e comecei a caminhar para a Old Town, fui repetidamente abordado por distribuidores de panfletos de tudo e mais alguma coisa. Uma das moças que me espetou com um panfleto na fuça e que eu não aceitei disse que era de um strip club, coisa que mais tarde me viria a arrepender.

Chegando à Old Town, foi como entrar numa máquina do tempo e regressar ao séc. XV. O centro histórico de Tallinn está muito bem conservado e limpo, cheio de pequenos museus de tudo e mais alguma coisa, restaurantes de temática medieval, pequenas galerias de arte e muitos locais a vender souvenirs em trajes tradicionais. Captava bem o espírito da cidade que foi uma das principais pertencentes à antiga Hansa, que para quem não sabe, era uma coligação económica medieval que abrangia as regiões germânicas até à cintura de países do Báltico.


Uma das ruas da Old Town


Uma secção da muralha com um pequeno museu no interior que estupidamente não cheguei a visitar



Antigo edifício da guilda hanseática, à noite


Um pouco limitado pelo tempo, só visitei o pequeno Museu de História Natural da Estónia, onde destaco os fósseis de mamutes que outrora andaram por aqui. Vi uma montra com uma performance steampunk muito engraçada, passei pelo Museu da Marioneta e um antiquário que vendia armas e equipamentos autênticos da 2ªGuerra Mundial. Gostei imenso dos capacetes soviéticos, aliados e nazis, que custavam 2000eek, cerca de 120€, mas o antipático dono da loja não me deixou fotografar. Tentei procurar algum museu de antropologia, mas não encontrei.

Reconstrução parcial de um mamute no Museu de História Nacional

O antiquário que vendia memorabilia militar

Tinha que descobrir onde ficava a National Library com alguma urgência, pois sabia que ainda era longe do sitio onde estava e precisava de lá estar às 17h, hora a que iria apanhar o autocarro para a aldeia de Käsmus, para o Viru Folk. Quem tem boca vai a Tallinn, e entre velhotas que não falavam inglês, locais que não sabiam ou que não queriam falar comigo, punks que não sabiam mas que me auxiliaram com um mapa e gente que me perguntava se eu era british, lá dei com a biblioteca. Cheguei lá eram 16h, e tirando uma igreja mesmo em frente, não haviam muito que ver naquele quarteirão. Como estava preocupado com o autocarro, acabei por abancar lá a descansar os pés e esperar... esperar... 17h... esperar... 17.30h... esperar... e finalmente lá veio o autocarro, pelas 17.50h, para alívio meu e do pessoal que foi chegando. O bilhete ida e volta custou 100eek, cerca de 6.50€ por 90kms para lá e mais 90 para cá.


Biblioteca Nacional da Estónia.

A viagem demorou duas horas, em parte porque os primeiros 20-40kms de autoestrada à saída de Tallinn estão em obras e era uma enchente de veículos brutal. Dava vontade de sair do autocarro e ir a pé, aquilo era mesmo muito lento... Devagar se vai ao longe, e lá chegámos a Käsmus.

É uma aldeia muito pequena na costa do Báltico, com cerca de 20 habitantes permanentes e uns 50 que têm lá casa de férias. Praticamente todas as casas tinham uma barraquinha de comes e bebes no quintal, exploradas pelos donos da casa e com preços muito convidativos; bem como diversas barraquinhas de artesanato, roupas, petiscos, conservas e afins espalhadas por todo o lado em virtude do festival, tudo pequenos negócios de familia e com preços muito baixos. Existia ainda um serviço de "taxi" numa espécie de riquexó puxado por bicicleta para mais fácil mobilidade entre as zonas do festival, destinado a grávidas, deficientes físicos ou pessoas mais velhas que tivessem problemas a caminhar. Uma óptima iniciativa, a meu ver.

O Báltico visto de Käsmus


A estrada que percorre a vila com as barraquinhas de artesanato



O recinto do festival

Comprei o bilhete para ver apenas Korpiklaani, dado ter chegado bastante tarde e ser só uma banda a tocar antes deles, custou 225eek. Foi o primeiro festival em que vendiam bilhetes só para se ver uma banda, iniciativa louvável em todos os festivais, mas exequível apenas em sitios pequenos como este. Basicamente o bilhete para uma banda tinha as horas lá registadas e os seguranças deixavam entrar nessa hora, sendo que varriam o recinto quando a banda anterior terminava para o pessoal que só quis ver essa banda sair. Claro que quem tinha a pulseira para todos os dias ou para o dia inteiro podia lá ficar. Tendo em conta que eram 6 pequenos palcos espalhados pela vila, onde tocavam 3 bandas em simultâneo, a coisa funcionava bastante bem e que eu saiba, não houve problemas.

Como o Gordo me tinha incentivado a experimentar os enchidos locais, decidi-me a jantar um prato de salsichas frescas com batatas fritas temperadas com paprika e uma espécie de sauerkrout com tomate e pepino misturado. Estava muito bom, e por 50eek, ainda soube melhor.

As papinhas que o Gordo recomendou

Entretanto conheci a Krista, uma das organizadoras do festival com quem tinha falado por e-mail anteriormente. Fiquei por lá de conversa com ela até poder entrar para Korpiklaani.

O concerto foi muito bom, muito bailarico, uma setlist equilibrada entre todos os albuns, com direito a sessão de joiku e umas músicas de Shaman que adorei ouvir ao vivo. Os membros da banda sempre muito simpáticos e já um bocadinho bebedos, com quem tive oportunidade de conviver no final do concerto. E era o aniversário do baixista.

Após Korpiklaani, cansado do bailarico e quase sem voz de cantar, encontrei-me novamente com a Krista e ficámos de conversa até chegar o autocarro. Deu-me a provar um saboroso licor de ervas lá do sitio, que sabe demasiado bem para uma bebida de 35%, pois não se sente o alcool. Conheci ainda as irmãs dela, e apesar de não darem bem com o meu nome, eram todas muito simpáticas com quem irei manter contacto. Queria ter comprado uma blusa estilo medieval e um pendente com runas mas as lojinhas fecharam durante o concerto e acabei por não trazer nada...



O belo do licor de ervas

Pelas 2h lá me meti no autocarro de regresso a Tallinn, desta vez pontual. Quando lá cheguei, fui procurar o Von Krahl, um bar alternativo que a Krista me tinha recomendado. O plano original até era dar uma volta pela cidade e abancar a dormir lá num cantinho qualquer até de manhã, mas sendo que era sexta feira à noite e a chungaria andava pelas ruas, foi-me dito que era melhor não dormir na rua, senão ainda me davam um enxerto de porrada e ficava sem nada. Novamente às voltas pela Old Town, percebi o aviso que me tinham dado... Num bar por onde passei vi dois gajos à porrada, com direito a atirar mesas e garrafas um ao outro. Um pouco mais à frente vejo um gajo a correr com três malas de gaja na mão, a escugitar à procura de dinheiro. Não, ninguém se meteu comigo, descansem. Lá cheguei ao Von Krahl... mas faltavam 10min para fechar, infelizmente. Fiquei à porta a falar com algum pessoal que por lá estava, incluíndo um gajo que organiza concertos de industrial em Tallinn e em Helsinki, que costuma ir passar férias a Barcelona e está a pensar ir a Lisboa porque tinha ouvido falar do Bairro Alto. Estonians are the ultimate party people, segundo pude confirmar.

Após procurar em vão o tal strip club para passar o resto da noite, desisti e fui para o porto. Apesar de não ser o meu objectivo, o turismo sexual é um ponto forte em Tallinn.

Regressei ao terminal do ferry, que ainda estava fechado. Deitei-me lá num banco a ver se dormia, mas os fucking mosquitos e as barulhentas gaivotas não deixaram. O terminal abriu às 6h e o café às 7h. Fiz o check in e abanquei no café, onde comi quatro deliciosos pirukas (pastéis) de carne que custavam 30cent cada, e um chocolate quente. Foi a primeira vez desde que aqui cheguei que gastei menos de 5€ numa refeição, e esta soube-me pela vida.

Novamente a bordo do ferry, fui para o deck superior deitar-me num banco, onde ainda dormitei uma horinha... até acordar com chuva, vento e frio. Não foi nenhuma tempestade, mas foi o suficiente para quase toda a gente abandonar o deck e se refugiar no interior do navio.

Cheguei a Helsinki às 10.30h e percebi o porquê da enchente do dia anterior. É que a hora a que este navio chega coincide com a hora do check-in para o que vai para Tallinn, então o terminal enche de gente que chega e gente que vai.

Confirmo ainda que quase toda a gente vai de malas vazias e as trás cheias de cerveja, vodka e licores comprados a bordo do navio. Esta gente bebe que nem camelos...

Resumindo, gostei imenso da Estónia e tenho pena de não ter tido mais tempo para lá estar. Se puder ainda volto lá antes de ir embora, apesar de ser complicado tanto por tempo como por dinheiro. Gostava de poder explorar melhor a Old Town e sobretudo de ir aos restaurantes medievais. Diverti-me imenso por lá, conheci gente muito simpática e hospitaleira, e aprendi algumas coisas sobre o local.

Como todos os países de leste, está patente um pequeno ódio contra os russos, que ainda hoje em dia continuam com ideias imperialistas. No entanto, a população é geralmente muito tolerante para com gentes de outros países. Mesmo a malta mais nova com quem falei me disse que apesar de não gostarem dos russos, muitos têm grandes amigos russos, tanto que vivem na Estónia ou na própria Rússia.

No entanto, tal como outros países de leste, as áreas mais importantes da sociedade funcionam a 100% e a baixo ou nenhum custo para a população: saúde, educação, transportes públicos e comunicações.

Estes sinais encontravam-se por toda a cidade, a explicar como aceder gratuitamente à rede wireless em Tallinn.

A Estónia é um país surpreendemente avançado em termos de tecnologias. Plano Tecnológico Nacional, metam-no no cú... Na Estónia existe uma rede wireless pública acessível em qualquer ponto do país, até mesmo no meio do mato. Também segundo me disseram, o Estado publica avisos à população via SMS, conceito que ainda não tinha ouvido em lado nenhum. Em Portugal seria uma óptima maneira de, por exemplo, incentivar as pessoas a irem votar.


Goodbye Tallinn!







PS: Acho que as eslavas conseguem destronar as finlandesas em termos de beleza... para onde olhava, só me babava!

Thursday 5 August 2010

Chapter XX - Mustamakkara, veripalto ja vatrushka

Mais especialidades da cozinha finlandesa... Como já tinha referido num post anterior, mustamakkara é uma salsicha de sangue, comida com compota de frutos vermelhos (e para variar, puré de batata). A esposa do Jari esteve recentemente em Tampere e trouxe algumas, que o Jari levou para eu provar. Hoje lá se fez o petisco na cozinha: grelhou uma com manteiga e fez outra no forno. Não sou grande fã de comidas com sangue, e estava um pouco reticente para provar isto, mas lá enfiei uma rodela com um pouco de compota na boca... E para minha surpresa, não tinha o sabor forte que esperava. Sabe a sangue e farinha (que é o que aquilo mais leva), mas não demasiado. Tem uma textura estranha, mas os grãos de cevada ou aveia que fazem parte da salsicha são uma surpresa agradável, faz lembrar as morcelas de arroz. A que foi cozinhada com manteiga era mais gostosa que a que foi ao forno. Tenho que realçar a técnica de a cozinhar: põe-se com a manteiga numa frigideira fria e depois segue para o lume; se se põe directamente numa frigideira quente, rebenta.

Resumindo, não é intragável de todo, mas também não é algo que eu queira comer mais vezes.

Provei também veripalto. Este não gostei mesmo... enquanto que a mustamakkara ainda tem a aveia a disfarçar, o veripalto é mesmo só sangue e farinha. Come-se com batatas, compota e molho bechamel, mas nem com isto tudo misturado me soube minimamente bem...

Para terminar as degustações, comi um vatrushka. É uma espécie de empada de salmão com queijo e ervas aromáticas, originária da Rússia. Agradável, mas nada de extraordinário.

Antes de publicar o post, tenho que vos contar o epic fail do dia. Cheguei a casa, peguei na máquina e comecei a rapar o cabelo... até que a porra da bateria foi abaixo e fiquei com o cabelo meio rapado. Ainda por cima a máquina demora 12h a carregar... Neste momento tenho um mullet frontal, atrás e nos lados até não ficou mal de todo. Dependendo de como acordar amanhã, logo vejo se vou assim para a Estónia ou não ahahah!

Amanhã sigo para Tallinn, de lá para Käsmus, e regresso no sábado a Helsinki. Sábado publicarei fotos e conto como foi o passeio à Estónia :)

Wednesday 4 August 2010

Chapter XIX - Herkun portugalilainen lounas

Tinha falado com o Jari há uns dias atrás para fazer uma refeição portuguesa para o staff ou pelo menos para o pessoal da cozinha e ele gostou bastante da ideia. Levei o livro da Maria de Lurdes Modesto e ele escolheu uma receita ribatejana de sável assado na telha e perguntou-me o que é que seria bom a acompanhar. Para não ser batata cozida, lembrei-me das batatas a murro... "Punched potatoes", como livremente me atrevi a traduzir. Escusado será dizer que isto provocou algumas gargalhadas. E como prato vegetariano, feijão verde à alentejana.

Ontem fiz o petisco para o Herku, o restaurante do staff. Tive que usar salmão e bacon para o albardar em vez de sável e toucinho, mas o essencial do prato era a marinada. Mostrei como se faziam as punched potatoes e fiz ainda o feijão verde à alentejana, que só faltavam as sopas de pão para degustar a molhanga. Pediu-me ainda para escrever o menú em português, então ficou algo do género:

Herkun portugalilainen lounas!
Almoço português no Herku!
Portuguese lunch at Herku!

Peixe assado à ribatejana
Keskis-Portugali kala
Ribatejo style roasted fish

Batatas a murro
Qualquercoisa perunat (não me lembro do nome que ele usou para "murro" em suomi)
Punched potatoes

Feijão verde à alentejana
Etelä-Portugali kasvis
Alentejo style green beans

E no final, foram só elogios, para minha grande surpresa! Vários trabalhadores de diversas secções, bem como a directora de F&B e o director do hotel, fizeram questão de me dar os parabéns pessoalmente, tanto pela iniciativa de fazer algo diferente como pela comida em si. Resultado? Prá semana vão provar carne de porco à portuguesa, e mais qualquer coisa que ainda não decidi. Aceito sugestões, qualquer coisa que não tenha enchidos pois é a única coisa que não se arranja por aqui. Escolhi a carne de porco à portuguesa pois dois dos seus três principais componentes são venerados na gastronomia finlandesa: pickles, e claro está, batatas. Penso que se adequa ao palato deles e ao mesmo tempo é "exótico" QB.

Fiquei muito feliz por terem gostado, não estou habituado a que valorizem o meu trabalho, mas soube bem esta pequena massagem no ego. E tenho ideia que as punched potatoes vão figurar mais vezes no menú, além da piada do nome, o Jari gostou bastante delas.

Tenho trocado umas impressões com o Jari e a Tulja sobre a cozinha finlandesa e já ando com mais ideias para preparar carne de rena. E amanhã vou provar a famosa mustamakkara, o chouriço de sangue cá do sitio... vamos lá a ver como corre, não sou muito de coisas com sangue.

Posto isto, começo a ficar triste por ter que ir embora... só falta um mês para ter que voltar às baixas latitudes. Mas enquanto não vou, já sei como ocupar os próximos fins de semana. Neste vou à Estónia, no próximo a Turku e no seguinte a Lahti. Ter 50% de desconto nos comboios é óptimo, e são duas terras a uma hora e picos de Helsinki, dá pra ir de manhã e voltar à noite sem gastar mais de 10€. Cool, eh? E para terminar a minha estadia por aqui, já estou a esboçar o plano de viagem às terras do árctico... Rovaniemi, capital da Lapónia; Oulu, ligeiramente abaixo; Kuopio, Karelia do Norte e possivelmente Tampere quando estiver a regressar a Helsinki. Ainda estou com ideias de me meter no comboio Helsinki-St.Petersburg, mas para isso seria necessário visto e não sei quanto custa nem quanto tempo demora, provavelmente ficará para outra oportunidade.

E agora vou descansar que esta noite não dormi nada de jeito com a trovoada brutal que por aqui passou... se na sexta feira chove assim, estou bem f*dido, estou...