Sunday 12 September 2010

Chapter XXVIII - And so it ends...

E é com grande tristeza que escrevo este último post, já no aeroporto, enquanto espero pelo avião de regresso a Lisboa. Raio do tempo só passa depressa quando não deve…

Com o cú quadrado das 11 horas de comboio Rovaniemi – Helsinki, esperava-me um longo dia pela frente. Desci em Pasila e apanhei um comboio suburbano até Leppävaara. Com uma chuva ligeira mas bastante agradável, e com um donut de chocolate e cardamomo, dirigi-me pela última vez à residência. Com cuidado para não acordar os dorminhocos, arranjei a tralha toda, tomei um prolongado duche e abanquei-me no sofá a ver televisão, dado a internet não funcionar e ainda estar tudo a dormir. Por fim lá acordaram, ansiosos por ver as fotos e ouvir o relato do passeio pela Lapónia. Distribuídos os abraços a toda a gente, e tirada a foto de grupo da praxe, lá segui carregado que nem um camelo para Helsinki. E quando digo carregado, digo mesmo: mochila grande às costas, mochila pequena ao peito, mala do pc a tiracolo, mala das facas numa mão e uma outra mala de viagem com roupas na outra. Não faço ideia do peso, daqui a bocado quando fizer o check-in já descubro.

Chegando à Rautatientori, onde me encontrei com o Marko, gastei as minhas últimas moedas num cacifo onde deixei a panóplia toda. Após o almoço, na minha última ida ao Hesburger, fui fazer - imagine-se! – de guia turistico! Eu, um alentejano que aqui viveu dois meses e picos, a mostrar a cidade de Helsinki a um finlandês que caminha este mundo há 28 anos! Fizemos o percurso Rautatientori – Senantintori – Kauppatori – Kauppahalli – Esplanadi – Mannerheimintie – Stockmann. Após mais um encontro com um grupo de portugueses e a compra de 1kg de carne de rena num talho já a fechar, fomos ter com um outro grupo de portuguesas.

A Kiki, uma rapariga que andou comigo na escola até ao 9º ano, chegou esta semana a Helsinki, onde estará em Erasmus até Janeiro. Sete raparigas num dos maiores centros comerciais de HKI é aquilo que já se sabe, de maneiras que fui acompanhar o Marko até à estação de comboios para me despedir dele. Mais tarde voltei a encontrar-me com elas, no pânico que era fazer compras num LIDL atulhado de gente. Carregadas que nem camelas, seguimos até Kannelmäki, onde fiquei a conhecer as residências onde estão a viver. E quase que ficava a conhecer o corpinho jeitoso de uma moça cuja nacionalidade desconheço, com quem elas partilham casa, mas a toalha manteve-se segura ao corpo dela e lá se lembrou que estava gente lá em casa e fechou a porta do quarto antes de se vestir… Perkele…

Após uns conselhos de desenrascanço sobre Helsinki e o Suomi, bem como uma aula de culinária onde ensinei como se preparam e se comem noodles instantâneos, pus-me novamente a caminho do centro da cidade. Sábado à noite num bairro daqueles significa muitos finlandeses e outros povos a fazer algo que sabem muito bem: beber. MUITO! No comboio ia uma mulher aos berros ao telefone, bastante bebeda por sinal. Não percebi totalmente a conversa, como é óbvio, mas os risos que arrancou a toda a gente no comboio e os constantes “Perkele! Voi vittu! VITTUTTA!” foram suficientes para perceber a cena e descarregar umas gargalhadas escondidas pelo revirar de olhos.

Lá fui ao cacifo recuperar os meus bens, e novamente carregado que nem um camelo, arrastei a minha carcaça pelo hall central da estação, até à paragem do autocarro. Desta vez fui esperto e poupei 6€. Quando cheguei, só vi o charter-bus da Finnair, que por esses mesmos 6€ conduz o inexperiente turista até ao centro da cidade em 20min. Pois os autocarros da HSL, nomeadamente o 615 e o 620, fazem o mesmo serviço em 35min e o meu passe é válido para as zonas em questão.

Mas claro que eu tinha de ter mais trabalho do que o suposto. Somehow meti na cabeça que era Terminal 2, e deixei-me seguir até ao dito. Quando lá cheguei, novamente a arrastar-me escadas acima, olhei bem para o quadro de partidas… apenas vôos intercontinentais. Perkele… Ao descer as escadas encontrei a salvação para as minhas costas: um simpático trolley, facilmente manobrável, nada como os do Scandic que constantemente encalhava ou derrubava. Com a tralha toda à molhada, lá segui até ao Terminal 1. Após verificar que os check-in ainda estavam todos fechados pois eram 00h e o vôo é só às 5.45h, procurei uma tomada e abanquei-me aqui a escrever os últimos dois posts do blog, ouvindo o true sound of Finland: Shaman & Korpiklaani.

Infelizmente não consigo apanhar internet, a suposta rede wireless não funciona, por isso faço o que aprendi no Scandic: deixo tudo preparado e amanhã sirvo aos clientes. E durante o próximo mês irei preparar o banquete que vos irei servir brevemente: um livro sobre a minha viagem por aqui, com muitos extras que nunca foram mencionados no blog. Aguardem novidades!

São neste momento 2.08h do dia 12 de Setembro de 2010, e é quase de lágrima no olho que me despeço dos melhores tempos da minha vida. Mas que fique claro: I’ll be back!

Näkemin ja kiitos paljon kaikille!

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